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“Se você salva
a vida de uma pessoa, é como se tivesse salvado o mundo inteiro.”
Provérbio Judaico
Chiune (Sempo) Sugihara, o cônsul oficial japonês
na Lituânia, salvou o segundo maior número de judeus no Holocausto.
Ele emitiu mais de 2.000 vistos para refugiados poloneses. Isso resultou
em salvar mais de 6.000 vidas. Estima-se que se os filhos e netos das
pessoas salvas por Sugihara fossem computadas, haveria mais de 40.000
pessoas em todo o mundo que devem a vida a Sugihara.
No decorrer da história humana, muitas pessoas têm sido testadas,
mas poucas tiveram o altruísmo para atingir a verdadeira grandeza.
No decorrer da história humana, muitas
pessoas têm sido testadas, mas poucas tiveram o altruísmo
para atingir a verdadeira grandeza. Esta é a história
de um homem e sua esposa que, quando confrontados pelo mal, escolheram
obedecer a D'us e desafiar as ordens de um governo indiferente. Essas
pessoas foram Chiune e Yukiko Sugihara que, no início da Segunda
Guerra, num supremo ato de heroísmo e auto-sacrifício, arriscaram
a carreira, seu sustento e seu futuro para salvar a vida de mais de 6.000
judeus, Este alto altruísta resultou no segundo maior número
de judeus resgatados dos nazistas.
A Compaixão do Cônsul Geral Sempo Sugihara
Em março de 1939, o Cônsul Geral do Japão Chiune Sugihara
foi enviado a Kaunas para abrir um serviço de consulado. Kaunas
era a capital temporária da Lituânia na época e estava
situada estrategicamente entre a Alemanha e a União Soviética.
Após Hitler invadir a Polônia em 1º de setembro de 1939,
a Grna-Bretanha e a França declararam guerra à Alemanha.
Chiune Sugihara mal tinha se instalado em seu novo posto quando os exércitos
nazistas invadiram a Polônia e uma onda de refugiados judeus fugiu
para a Lituânia. Levaram com eles horripilantes relatos das atrocidades
alemãs contra a população judaica.
Escaparam da Polônia sem posses nem dinheiro, e a população
judaica local fez o possível para ajudá-los com dinheiro,
roupas e abrigo. Antes da guerra, a população de Kaunas
consistia de 120.000 habitantes, dos quais um quarto era de judeus. A
Lituânia, na época, tinha sido um enclave de paz e prosperidade
para os judeus. A maioria dos judeus lituanos não percebia nem
acreditava totalmente na extensão do Holocausto nazista que estava
sendo perpetrado contra os judeus na Polônia. Os refugiados judeus
tentavam explicar que estavam sendo assassinados às dezenas de
milhares. Quase ninguém acreditou neles. Os judeus lituanos continuavam
levando vidas normais.
Nas duas últimas décadas de
sua vida, Chiune trabalhou como gerente de uma empresa de exportacão
com negócios em Moscou. Este foi o seu destino por que ele ousou
salvar milhares de seres humanos da morte certa.As coisas começaram
a mudar para pior em 15 de junho de 1940, quando os soviéticos
invadiram a Lituânia. Agora já era tarde demais para os judeus
lituanos partirem para o Leste. Ironicamente, os soviéticos permitiam
que os judeus poloneses continuassem a emigrar da Lituânia através
da União Soviética se conseguissem obter determinados documentos
de viagem. Em 1040, a maioria da Europa Ocidental já tinha sido
conquistada pelos nazistas, exceto a Grã-Bretanha. O restante do
mundo livre, com pouquíssimas exceções, barravam
a imigração de refugiados judeus da Polônia ou de
qualquer outro lugar da Europa ocupada pelos nazistas.
Contra este terrível cenário, o cônsul japonês
Sugihara de repente tornou-se vital num plano desesperado pela sobrevivência.
O destino de milhares de famílias dependiam de sua humanidade.
Os alemães estavam avançando rapidamente rumo ao leste.
Em julho de 1940, as autoridades soviéticas instruíram todas
as embaixadas estrangeiras a deixar a cidade de Kaunas. Quase todos partiram
imediatamente, mas Chiune Sugihara pediu e recebeu uma extensão
de 20 dias de prazo.
Exceto pelo Sr. Jan Zwartendijk, o cônsul holandês, Chiune
Sugihara era agora o único cônsul estrangeiro que restara
na capital lituana. Eles tinham muito trabalho a fazer.
A Conexão Holandesa
Era verão, e o tempo estava se esgotando para os refugiados. Hitler
rapidamente apertava sua rede ao redor da Europa Oriental. Foi então
que alguns dos refugiados poloneses criaram um plano que oferecia a última
chance para a liberdade. Eles descobriram que as duas ilhas coloniais
holandesas, Curaçao e Guiana Holandesa (agora conhecida como Suriname),
situadas no Caribe, não exigiam vistos formais de entrada. Além
disso, o cônsul holandês honorário, Jan Zwartendijk,
disse-lhes que tinha conseguido permissão para carimbar os passaportes
deles com permissão de entrada.
Restava um obstáculo importante. Para seguir rumo àquelas
ilhas, os refugiados precisavam passar através da União
Soviética. O cônsul soviético, que era simpático
à provação dos refugiados, concordou em deixá-los
passar com uma condição: além da permissão
holandesa de entrada, eles teriam de obter também um visto de trânsito
dos japoneses, pois teriam de passar pelo Japão a caminho das ilhas
holandesas.
A Opção de Sugihara
Numa manhã de verão em julho de 1940, o Cônsul Sempo
Sugihara e sua família acordaram com uma multidão de refugiados
judeus poloneses do lado de fora do consulado. Desesperados para fugir
dos nazistas que se aproximavam, os refugiados sabiam que sua única
rota de fuga seria o leste, se o cônsul Sugihara lhes concedesse
vistos japoneses de trânsito, eles poderiam obter vistos de saída
soviéticos e correr para a possível liberdade. Sempo Sugiraha
ficou comovido pela dificuldade deles, mas não tinha a autoridade
para emitir centenas de vistos sem permissão do Ministério
do Exterior em Tóquio.
Chiune Sugihara enviou telegramas por três vezes pedindo permissão
para emitir vistos para os refugiados judeus. Três vezes recebeu
uma negativa. O cônsul japonês em Tôquio respondeu:
A RESPEITO DOS VISTOS DE TRÂNSITO PEDIDOS PREVIAMENTE PONTO ACONSELHO
A NÃO EXPEDIR QUALQUER VISTO PARA VIAJANTE NEM EMPRESA COM PARTIDA
GARANTIDA DO JAPÃO PONTO SEM EXCEÇÕES PONTO NÃO
ESPERAMOS MAIS PEDIDOS PONTO ASSINADO K TANAKA MINISTRO DO EXTERIOR TÓQUIO
“A vida humana é muito importante. Ser virtuoso na vida também
é muito importante. “Meu marido e eu conversamos sobre os
vistos antes de emiti-los. Entendemos que tanto o governo japonês
quanto o alemão discordam das nossas ideias, mas apesar disso fomos
em frente.”
Yukiko Sugihara, esposa de Chiune Sugihara
Após receber repetidas respostas negativas de Tóquio,
o cônsul discutiu a situação com sua esposa e filhos.
Sugihara tinha uma decisão difícil a tomar. Ele era um homem
que fora criado na severa e tradicional disciplina dos japoneses. Era
um diplomata de carreira que de repente tinha de fazer uma escolha muito
difícil. Por um lado, estava atado pela tradicional obediência
que lhe fora ensinada durante toda a vida. Por outro lado, era um samurai
que tinha aprendido a ajudar aqueles que estivessem em necessidade. Sabia
que se desafiasse as ordens de seus superiores, poderia ser demitido e
cair em desgraça, e talvez jamais pudesse trabalhar novamente para
o governo japonês. Isso resultaria em enorme dificuldade financeira
para sua família no futuro.
Chiune e sua esposa Yukiko temiam até pelas próprias vidas
e pelas vidas dos filhos, mas no final. somente poderiam seguir sua consciência.
Os vistos seriam assinados.
Durante 29 dias, de 31 de julho a 28 de agostode 1940, o Sr. e a Sra.
Sugihara se sentaram durantes horas intermináveis escrevendo e
assinando vistos à mão. Escreviam cerca de 300 vistos por
dia, o que normalmente seria um mês de trabalho para o cônsul.
Yukiko também o ajudava a registrar estes vistos. Ao final do dia,
ela massageava as mãos cansadas do marido. Ele não parava
nem mesmo para comer. A esposa o supria de sanduíches, Sugihara
optou por não perder um minuto porque as pessoas estavam de pé
na fila em frente ao consulado dia e noite esperando pelos vistos. Quando
algumas pessoas começaram a subir pelo muro da residência,
ele saiu para acalmá-las e assegurar que ele faria o melhor para
ajudar a todos. Centenas de aplicantes se tornaram milhares, enquanto
ele trabalhava para garantir o máximo possível de vistos
antes de ser forçado a fechar o consulado e deixar a Lituânia.
O cônsul Sugihara continou a emitir documentos da janela do trem
até o momento em que o trem deixou Kovno rumo a Berlim em 1º de
setembro de 1940. E quando o trem deixou a estação, Sugihara
deu o carimbo de visto do cônsul a um refugiado que poderia usá-lo
para salvar ainda mais judeus.
Ele foi assombrado pelas palavras do velho
ditado samurai: “Nem mesmo um caçador pode matar um pássaro
que voa na direção dele em busca de refúgio.”Após
receber os vistos, os refugiados não perdiam tempo em embarcar
em trens que os levariam a Moscou, e então pela ferrovia Transiberiana
até Vladivostok. Dali, a maioria continuou até Kobe, no
Japão. Receberam permissão de ficar em Kobe por vários
meses, e então foram enviados a Xangai, na China. Cerca de seis
mil refugiados conseguiram chegar ao Japão, China e outros países
nos meses seguintes. Eles tinham escapado do Holocausto. Por meio de uma
estranha virada na história, eles deviam a vida a um homem japonês
e sua família. Tinham se tornado os Sobreviventes de Sugihara.
Apesar da sua desobediência, o governo considerou útil a
vasta capacidade de Sugihara durante o restante da guerra. Mas em 1945,
o governo japonês sem cerimônia despediu Chiune Sugihara do
serviço diplomático. Sua carreira como diplomata estava
arruinada. Ele teve de começar a vida a partir do zero. Tendo sido
antes um astro no serviço exterior japonês, Chiune Sugihara
a princípio conseguiu trabalhar apenas como tradutor e intérprete
de meio-período. Nas duas últimas décadas de sua
vida, ele trabalhou como gerente de uma empresa de exportacão com
negócios em Moscou. Este foi o seu destino porque ele ousou salvar
milhares de seres humanos da morte certa.
O Milagre de Chanucá em 1939
Os feitos de um herói são muitos e complexos, mas a fatídica
decisão de Sugihara de arriscar sua carreira pode ter sido influenciada
por um simples ato de bondade de um menino com 11 anos de idade, Ele morava
com sua família na Lituânia, e seu nome era Zalke Jenkins
(Solly Ganor).
Solly Ganor era filho de um refugiado menshevik da revolução
russa no início dos anos de 1920. Após a revolução
russa a família mudou-se para Kaunas, Lituânia. A família
prosperou durante anos antes da Segunda Guerra, com importação
e exportação têxtil. O jovem Solly Ganor, preocupado
com os judeus poloneses entrando em Kaunas, deu a maior parte da sua mesada
e economias para os refugiados judeus. Tendo doado todo seu dinheiro,
ele foi até a loja de alimentos de sua tia Anushka em Kaunas. Foi
até lá para pedir emprestado um lit (dólar lituano)
para assistir ao mais recente filme de Laurel e Hardy (O Gordo e o Magro).
Na loja da tia ele conheceu o cônsul japonês Chiune Sugihara.
O cônsul entreouviu a conversa e deu ao jovem Solly dois lits reluzentes.
Impulsivamente, o garoto convidou o cônsul de olhos bondosos para
a celebração de sua família da primeira noite de
Chanucá de 1939.
O cônsul, surpreso e deliciado, aceitou com gratidão a oferta
do menino, e ele compareceu com a esposa Yukiko à sua primeira
celebração de Chanucá.
O Sr. Sugihara comentou sobre a união das famílias judaicas
e como isso o lembrava de sua família, e de festas japonesas semelhantes.
Cinquenta e quatro anos depois, a Sra. Sugihara se lembra dos bolos, biscoitos
e sobremesas oferecidos a eles na festa judaica das luzes.
Solly Ganor e seu pai logo fizeram amizade com o cônsul geral e
conversavam em russo. Mais tarde Solly e seu pai testemunharam Sugihara
em seu escritório chamando os funcionários russos para conseguir
permissão de emitir vistos para cruzar as fronteiras russas. Solly
Ganor e seu pai mais tarde receberam vistos de Sugihara, mas não
puderam usá-los porque eram cidadãos soviéticos.
A maior parte da família Ganor foi morta no Holocausto. A irmã
de Solly, Fanny e a Tia Anushka sobreviveram à guerra. Tia Anushka
retornou à Lituânia e faleceu em 1969. Fanny casou-se com
Sam Skutelsky de Riga, e mudou-se para os Estados Unidos. O filho deles,
Robert, único sobrinho vivo de Solly, agora mora em Boulder, Colorado.
Solly e seu pai passaram mais de dois anos no Gueto de Kauna antes de
serem deportados para Landsberg-Kaufering, campos de Dachau no final de
1944. Sobreviveram à guerra e mudaram-se para Israel. O pai faleceu
pacificamente em Tel Aviv em 1966.
Ironicamente, em maio de 1945, Solly Ganor foi libertado por soldados
japoneses americanos do 522º Batalhão de Artilharia de Campo, homens
que tinham sido alistados em seu próprio país.
Para Solly, a face japonesa passou a simbolizar bondade e libertação.
Quem foi Chiune Sugihara?
Durante meio século as pessoas têm perguntado: “Quem
foi Chiune Sugihara?”
Elas também têm perguntado: “Por que ele arriscou a
carreira, a sorte e a vida da família para emitir vistos para refugiados
judeus na Lituânia?” Estas não são perguntas
fáceis de responder, e talvez não haja um conjunto de respostas
que satisfaça nossa curiosidade.
Chiune gostava de dizer: “Posso ter precisado
desobedecer ao meu governo, mas se não o fizesse, estaria desobedecendo
a D'us.”Chiune (Sempo) Sugihara sempre fez as coisas à
sua própria maneira. Nasceu em 1º de janeiro de 1900. Graduou-se
no Ensino Médio com notas altas e seu pai insistia para que se
tornasse médico. Mas o sonho de Chiune era estudar literatura e
morar no exterior. Sugihara freqüentou a famosa Universidade Waseda
para estudar Inglês. Pagou pela própria educação
trabalhando meio-período como estivador e tutor.
Um dia ele viu um anúncio classificado. O Ministro do Exterior
estava procurando pessoas que desejassem estudar fora e poderiam estar
interessadas na carreira diplomática. Ele passou no difícil
exame de admissão e foi enviado para o Instituto de Língua
Japonesa em Harbin, na China. Estudou russo e graduou-se com honras. Também
converteu-se ao Cristianismo Grego Ortodoxo. A natureza cosmopolita de
Harbin, na China lhe abriu os olhos para entender como o mundo é
diverso e interessante.
Trabalhou também na Manchúria, controlada pelo governo japonês,
ao norte da China. Mais tarde foi promovido a Vice-Ministro do Departamento
de Assuntos Externos. Logo estava cotado para ser o Ministro de Assuntos
Estrangeiros na Manchúria.
Na Manchúria, ele negociou a compra do sistema de ferrovias, então
dos russos, pelos japoneses. Isso economizou milhões de dólares
ao governo japonês, e enfureceu os russos.
Sugihara ficava incomodado pela política de seu governo e pelo
tratamento cruel que davam aos chineses. Ele renunciou ao cargo como protesto
em 1934.
Em 1938 Sugihara foi colocado no escritório diplomático
japonês em Helsinki, Finlândia. Com a Segunda Guerra surgindo
no horizonte, o governo japonês enviou Sugihara à Lituânia
para abrir um consulado em 1939. Ali ele faria relator sobre os planos
de guerra dos soviéticos e alemães. Seis meses depois, a
guerra irrompeu e a União Soviética anexou a Lituânia.
Os soviéticos ordenaram que todos os consulados fossem fechados.
Foi nesse contexto que Sugihara enfrentou os pedidos de milhares de judeus
poloneses fugindo da Polônia ocupada pelos alemães.
Sugihara, o Homem/Samurai
A história pessoal de Sugihara e seu temperamento contêm
a chave do motivo para desafiar as ordens do governo e emitir os vistos.
Sugihara herdou a personalidade da mãe. Ele pensava sobre si mesmo
como bom, gentil e artístico. Estava interessado em ideias novas,
religião, filosofia e linguagem. Queria conhecer o mundo e ver
tudo que havia, sentir o mundo. Tinha um forte senso do valor da vida
humana. Seus talentos para idiomas mostram que estava sempre interessado
em aprender mais sobre outros povos.
Sugihara era um homem humilde e discreto. Era altruísta, modesto
e tinha um grande senso de humor. Yukiko, sua esposa, dizia que ele achava
difícil disciplinar os filhos quando eles se comportavam mal. Ele
nunca perdia a calma.
Sugihara também foi criado no estrito código de ética
de uma família samurai da virada do século. As virtudes
cardeais de sua sociedade eram oya koko (amor à família),
kodomo no tamene (em prol das crianças), ter gidi e on (dever e
responsabilidade, ou obrigação de pagar uma dívida),
gaman (ocultar as emoções), gambate (força e recursos
interiores), e haji no kakete (não trazer vergonha para a família),
Essas virtudes foram fortemente inculcadas pela classe média rural
samurai da família de Chiune.
Foi preciso uma enorme coragem para Sugihara desafiar a ordem de seu pai
para tornar-se médico, e em vez disso seguir seu caminho acadêmico.
Foi preciso coragem para deixar o Japão e estudar no exterior.
Foi preciso ser um japonês muito moderno e liberal para casar-se
com uma caucasiana (sua primeira mulher; Tomoko foi a segunda) e converter-se
ao Cristianismo. Foi preciso ainda mais coragem para opor-se abertamente
às politicas militares japonesas de expansão nos anos de
1930.
Assim, Sempo Sugihara não era um japonês comum, e não
era um homem comum. Na época em que ele e sua esposa Yukiko pensaram
sobre a provação dos refugiados judeus, ele foi assombrado
pelas palavras do velho ditado samurai: “Nem mesmo um caçador
pode matar um pássaro que voa na direção dele em
busca de refúgio.”
Um Tributo Final; Justo Entre as Nações
Hoje, mais de 50 anos após aqueles fatídicos 29 dias em
julho e agosto de 1940, deve haver mais de 40.000 pessoas que devem a
vida a Chiune e Yukiko Sugihara. Houve duas gerações após
os sobreviventes originais de Sugihara, todos devendo a existência
a um homem modesto e sua família. Depois da guerra, Sugihara jamais
mencionou ou falou a ninguém sobre seus feitos extraordinários.
Foi somente em 1969 que Sugihara foi encontrado por um homem que ele tinha
ajudado a salvar, o Sr. Yehoshua Nishri. Logo, centenas de outros que
ele tinha salvo se apresentaram e testemunharam ao Yad Vashem (Memorial
do Holocausto) em Israel sobre seus atos de coragem que salvaram vidas.
Após coletar testemunhos de todos pelo mundo, Yad Vashem percebeu
a enormidade do sacrifício deste homem para salvar judeus. E assim
em 1985 ele recebeu a mais alta honraria de Israel, foi reconhecido como
“Justo Entre as Nações” pela Autoridade de Lembrança
dos Mártires Yad Vashem em Jerusalém.
Na época, idoso e próximo da morte, ele estava doente demais
para viajar a Israel. Sua esposa e filho receberam a homenagem por ele.
Além disso, foi plantada uma árvore em seu nome no Yad Vashem,
e um parque em Jerusalém foi nomeado em sua honra.
Quarenta e cinco anos após assinar os vistos, perguntaram a Chiune
por que o fez. Ele gostava de dar dois motivos: “Eram seres humanos
e precisavam de ajuda,” disse ele, “Estou contente por ter
encontrado força para tomar a decisão de dar ajuda a eles.”
Sugihara era um homem religioso e acreditava num D'us universal de todos
os povos. Ele gostava de dizer: “Posso ter precisado desobedecer
ao meu governo, mas se não o fizesse, estaria desobedecendo a D'us.”
O Cônsul Chiune Sugihara, 86 anos, faleceu em 31 de julho de 1986.
A Sra. Yukiko Figihara completou 88 anos em 17 de dezembro de 2001, em
Fujisawa, Japão.
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